UX e Política: dá certo?

Cassio Almeida
6 min readNov 25, 2020

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Desenvolvemos um projeto no bootcamp da Tera focado em conscientização política

Como conscientizar os eleitores do voto consciente e da política no dia a dia?

E foi com esse desafio que o meu grupo iniciou o curso na Tera, em setembro de 2020. Eu realmente nunca parei para pensar em soluções que ajudassem a população no voto, porque temos inúmeros veículos de comunicação e o assunto, pelo menos atualmente, está saturado.

De início, meio receoso em cair em bolhas e influenciar a solução final. Antes de tudo, precisei retirar todas as minhas “amarras” políticas e ideológicas para fazer um produto que dê consciência na hora do voto.

Pensa comigo:

E se todos pudessem entender sobre política?

E se todos pudessem votar de forma consciente?

É possível? Opa! Vou mostrar como o grupo desenvolveu uma solução bem bacana.

Matriz CSD

Quem é o nosso público? Quais são os temas relevantes na política? Por que as pessoas votam branco ou nulo?

Como sempre, muitas dúvidas e poucas certezas. A Matriz CSD foi ótima para mapear onde precisamos focar e o que pesquisar. Uma dica: sempre comece o seu projeto com a matriz, porque ela vai indicar os possíveis caminhos para o seu projeto de pesquisa.

Desk Reseach

Sim, fomos no Google e pesquisamos sobre política, eleições, quantas pessoas votam no Brasil, maiores influências nas eleições de 2018, maior eleitorado brasileiro, público e qual foi a maior rede para se informar sobre política (e muito mais). Ufa!

A Desk abriu a nossa cabeça para inúmeros caminhos e inúmeras consequências que existem no universo da política

E com todo o peso quantitativo, optamos em trabalhar com o público jovem brasileiro. Por quê?

Os jovens, desde 2013, vêm mostrando mais interesse pela política, seja em protestar, discutir ou se filiar a partidos. Sem distinção de classes ou posições, mas o jovem, hoje, é o protagonista da política brasileira.

E:

Mapa de Stakeholders

E quem rodeia o nosso jovem? Quem são os protagonistas além dele?

O público é jovem? Beleza! Mas quem afeta ele e pode influenciá-lo no dia a dia? E aqui entra o nosso Mapa de Stakeholders. Podemos identificar todos aqueles que rodeiam o usuário principal.

Mapa mental

E com tanta coisa sobre política, seja nas redes ou nos noticiários, como nós centralizamos e organizamos as nossas ideias?

Com o mapa e a desk, entendemos que não estamos falando somente sobre política. Estamos falando de marketing, Fake News, democracia, história do Brasil, corrupção, problemas sociais, pobreza, economia, etc.

Aqui a gente se questionou: como conscientizar um jovem com tanta coisa para se falar? Bora conversar com ele diretamente, entender quem de fato é ele e se gosta de política.

Pesquisa qualitativa

Conversamos com 7 jovens, de 25 a 32 anos (via Meet e Zoom).

Pelo tempo e pela correria de cada um do grupo, recrutamos as pessoas pelas redes sociais, explicando um pouco sobre o nosso tema e o nosso objetivo. Queríamos saber sobre a vida dessas pessoas, o que fazem no dia a dia, o que consomem e o que pensam sobre política.

Uma das perguntas:

O que é política para você?

Uma das respostas:

Política é falar sobre diversas coisas do dia a dia, do mundo, da economia. Não entrar naquela ideia de expressar opinião, mas discutir a sociedade e o mundo. Sempre respeitando o próximo.

Respostas que chamaram a nossa atenção:

“As pessoas têm preguiça porque política é um tema complexo que requer dedicação e estudo.”

“É importante ter políticos que representam e que trabalhem naquilo que o eleitor acredita.”

“Política é falar sobre diversas coisas do dia a dia, do mundo, da economia. Não entrar naquela ideia de expressar opinião, mas discutir a sociedade e o mundo. Sempre respeitando o próximo.”

E quem é, de fato, a nossa persona?

Persona

Depois de muitas proto personas, a grande Amanda é a nossa principal persona.

A Amanda até discute sobre política, mas é um assunto chato e ela tem medo de se expor. Desde as eleições de 2018 e com toda a saturação sobre o tema, a Amanda cansou, mas sabe que é importante e que precisa voltar a ler sobre o assunto.

Nas quantitativas e nas qualitativas, a maioria do eleitorado jovem em geral é formada por mulheres.

E qual é a jornada da Amanda?

Jornada do usuário

Paramos e pensamos: qual vai ser o caminho do nosso usuário para chegar no nosso serviço/produto? O que ele sente? E quais são as nossas oportunidades para fazer algo bem bacana?

E quais são os nossos reais problemas?

Benchmark

Sem bench não dá para seguir, pessoal. Um pouco antes de entrarmos em Arquitetura de Informação e nos protótipos, fomos estudar alguns produtos/serviços que falam de política. Foi bem interessante, porque mapeamos oportunidades, ideais e insights. E fomos além: mapeamos funcionalidades e serviços específicos também.

Primeiros protótipos

Com todo o peso teórico e entendendo o nosso público, vimos que a maioria quer aprender sobre política, mas faltam confiança e oportunidade para explorar o assunto. Como falaram nas entrevistas, há muitos caminhos informativos, mas poucos dão um direcionamento.

Uma das nossas entrevistadas respondeu:

Eu quero saber qual é o meu perfil político e o que eu posso ajudar.

Quase todos os nossos entrevistados foram no mesmo caminho: um serviço/produto que entregasse um “perfil político”, indicando quais são os candidatos que mais se identificam com ele.

Começamos com um rápido Crazy8s para dar os primeiros passos:

E aos poucos fomos aprimorando a nossa solução…

Fizemos os protótipos de baixa no Medium

A nossa principal ideia foi criar um serviço no qual o usuário respondesse algumas perguntas sobre política. Aqui, o objetivo era usar algum sistema de métricas para mapear o perfil desse usuário.

Solução desenvolvida

Depois de validar os protótipos de baixa fidelidade, fechamos o protótipo de alta fidelidade.

Criamos, enfim, o:

O E-Política é um aplicativo informativo que analisa o perfil do público com algumas questões do cotidiano, dando quais são os candidatos e políticos indicados para cada perfil.

Melhorias e Conclusões

Fazer um projeto com cada um na sua casa foi um graaaaaaaande desafio. Todos com os seus afazeres e ninguém aguenta ficar quase 13 horas em frente ao computador. Eu, por exemplo, emendava o trabalho com o curso. A pandemia dificultou o processo, mas deu vários caminhos interessantes para todos nós.

A primeira etapa de melhoria seria testar e validar a solução criada na versão final. Outro ponto relevante para o projeto é evoluir a comunicação, tornando a linguagem mais inclusiva, já que foi um dos achados mencionados durante a fase de pesquisa.

E que experiência, pessoal!

Aprendemos diversos processos e caminhos para encontrar uma solução interessante. É necessário, sempre, equilibrar o modelo negócios com a experiência do usuário. É importante entender e se questionar: o que o usuário quer e como podemos entregar o que ele precisa.

Um grande valeu para todos e CONFIEM SEMPRE NO PROCESSO!

Materiais e programas usados no projeto:

Meet, Zoom, Drive e Figma.

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